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Urbanização Escondida 2/12

A capital paulista é o centro político do Estado de São Paulo. O Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado, fica no bairro do Morumbi, Zona Sul. No Viaduto do Chá, centro da cidade, fica o Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura da cidade.

Imagem: montagem Portal Futuro Livre/Palácio dos Bandeirantes e Edifício Matarazzo

São Paulo tem registros históricas importantes quando o assunto é política. No dicionário, política tem a definição de ser a arte ou a ciência de governar, e para governar uma cidade com tantas questões como São Paulo, os paulistanos contam com 55 Vereadores.


5ª mulher mais votada para a Câmara Municipal de São Paulo, a Vereadora Janaína Lima, do MDB, que está em seu segundo mandato, explica que ser Vereadora na capital é trabalhar com a certeza de que sempre haverá alguma coisa para fazer.


"Ser Vereadora é cuidar de uma cidade com 12 milhões de habitantes, que apesar de ter o quinto maior orçamento do país, atrás apenas do orçamento da União e de outros três estados, convive com problemas de toda ordem, na saúde, na educação, na habitação, no saneamento, nos transportes e todos esses itens são agravados pela questão geográfica, de estar inserida numa Região Metropolitana que engloba outras 39 cidades, o que elava a população para cerca de 22 milhões de habitantes."

Janaina explica que ser um político em São Paulo é uma missão como todos os políticos do Norte, do Sul, do Nordeste, do Centro Oeste e do Sudeste. Para ela, é igual a todo aquele que se dedica a cuidar do bem-estar da população seja num pequeno munícipio ou numa grande metrópole.


"É uma dedicação permanente que eu aprendi com a líder comunitária que eu vi dentro da minha casa [a mãe, Maria de Lourdes Oliveira, a Lurdinha]."

Janaína é filha da líder comunitária Lurdinha, ambas com conexões fortes com o Capão Redondo. A Vereadora explica que sua história e objetivos na política:

Imagem: divulgação/Janaína Lima/Vereadora da capital paulista

"A minha dedicação é por assuntos que digam respeito ao atendimento à população, a atenção às carências daqueles que não têm voz, o empenho por levar melhorias à população mais pobre, mesmo vivendo na cidade mais rica do país e a minha origem num bairro periférico de São Paulo, o acompanhamento às ações de minha mãe, que como líder comunitária acolhia pessoas carentes no bairro do Capão Redondo, ajudando a encaminhar pessoas para atendimento hospitalar, campanhas de alimentação, organização de movimentos da comunidade e outras ações que se caracterizam como política, me levaram para esse segmento [carreira política]."

A Vereadora, que é autora do Marco Legal da Primeira Infância e criadora da Frente Parlamentar Contra a Fome, desenvolveu uma plataforma política que já a levou a aprovar, como autora e coautora, mais de 54 leis que impactaram a vida de milhões de paulistanos, com forte foco em educação e saúde na 1ª infância, empreendedorismo, participação cidadã e combate à pobreza.


Janaína é sinônimo de superação na desigual São Paulo. "Apesar de todas as dificuldades, aquela menina da periferia viu na frase de uma professora de parque infantil que se ele dominasse as letras teria tudo que estivesse ao seu alcance. Muito antes do primário já estava alfabetizada e alimentava o sonho de ser advogada."


"O estudo era a porta para as conquistas que viriam."

Janaína relembra as falas da sua professora, ao retratar com orgulho sua história: “domine as letras e você terá tudo que estiver ao seu alcance”.


A Vereadora é formada em Direto pelas Faculdades Integradas Rio Branco, e teve uma oportunidade de ouro, ao cursar o programa executivo de liderança em 1ª infância na Universidade de Harvard pelo NPCI, e o Programa Internacional para Líderes Públicos na Universidade John Hopkins pela Comunitas, ambas nos EUA. Também cursou Urbanismo Social na Universidade Eafit, em Medellin.


Uma, de 55 Vereadores, Janaína é integrante da Global Shapers, iniciativa do Fórum Econômico Mundial, além de já ter concorrido a uma cadeira na Organização das Nações Unidas Mulheres América Latina e Caribe, fazendo parte da rede NEXUS Brasil (ligada à Nações Unidas). Janaína é, também, líder do RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) desde 2015, com premiações nacionais e internacionais, com destaque para o Prêmio Primeira Safira do Rotary International.


Esta é uma, de tantas histórias escondidas na cidade. Ao tocar no registro histórico, no entanto, São Paulo tem muita coisa para não comemorar. O racismo, por exemplo, é um grave problema que ecoa nos bastidores da capital.


73% dos paulistanos acreditam que racismo é problema central na cidade, de acordo com uma pesquisa da Rede Nossa SP. A palavra racismo tem o seguinte significado no dicionário: preconceito, discriminação ou antagonismo por parte de um indivíduo, comunidade ou instituição contra uma pessoa ou pessoas pelo fato de pertencer a um determinado grupo racial ou étnico, tipicamente marginalizado ou uma minoria.


Na estrutura social paulistana, o que se vê é também o racismo estrutural.

A jornalista Rebeca Motta foi vítima de um racismo velado. Em setembro de 2022, ela foi contratada para realizar a cobertura jornalística da 16ª Edição de entrega do Troféu Mulher Brasileira, que foi realizado pela revista e portal Imprensa.


Como de praxe em eventos, houve a fase de credenciamento de imprensa, e Rebeca relata como sofreu racismo revelado de um segurança da ESPM, faculdade que sediava o evento: "Eu me dirigi a um dos seguranças em busca de informações sobre o local reservado para a imprensa. Mesmo estando bem vestida, bem arrumada e qualificada para exercer aquela cobertura, fui direcionada para a cozinha, onde estavam os profissionais do buffet contratado."

Imagem: divulgação/Rebeca Motta

"Apesar de me sentir pronta para ocupar aquele espaço, o segurança viu em mim, novamente, um corpo para servir ao outro e não considerou em nenhum momento que uma mulher preta estivesse ali ocupando também um lugar de destaque profissional."

Rebeca conta que depois do segurança constatar o "mal entendido", o profissional lhe pediu desculpas. "Eu engoli aquela situação para ter condições de fazer o que fui contratada para fazer."


O racismo é um problema evidente na cidade de São Paulo, como em todo o país. Em uma conversa com o Portal Futuro Livre, o influenciador digital e jornalista Felipe Ruffino fala sobre seu trabalho como ativista de causas pretas:


"Eu sou um homem preto que acredita fielmente que para que a luta contra a discriminação da população negra produza resultados consistentes, há um passo decisivo que nós, brasileiros, ainda não demos: assumir que somos, sim, racistas, seja como indivíduos, seja como sociedade."

Para Ruffino, o racismo só consegue funcionar e se reproduzir sem embaraço quando é negado, naturalizado, e no caso, incorporado ao cotidiano como algo normal.


"A negação é essencial para a continuidade do racismo."
Imagem: divulgação/Felipe Ruffino

Felipe Ruffino diz que não sendo o racismo reconhecido, é como se o problema não existisse e nenhuma mudança fosse necessária. Para ele, a tomada de consciência, portanto, é um ponto de partida fundamental.


"A indignação parece contraditória porque os brasileiros quase diariamente veem na televisão e no jornal crimes praticados no seu próprio entorno tão racistas e cruéis quanto o ocorrido em outros países, mas nem de longe reagem com a mesma comoção — se é que chegam a reagir."

O jornalista, ainda em conversa com o Portal Futuro Livre, diz que os brasileiros entendem que é lá fora que existe ódio racial, não aqui. Ruffino é direto: "[Eles, estrangeiros] acreditam que no Brasil vivemos numa democracia racial, miscigenados, felizes e sem conflito. Essa é a perversidade do nosso racismo. Ele foi construído de uma forma tão habilidosa que os brasileiros chegam ao ponto de não quererem ou não conseguirem enxergar a realidade gritante que está bem diante dos seus olhos."


O ativista ainda que o senso comum tende a compreender o racismo de maneira simplista, limitando-o àquelas situações em que uma pessoa negra é proibida de entrar no clube, impedida de tomar o elevador social, revistada ao sair da loja ou insultada com palavras pejorativas que remetem à cor da pele. Tais casos, lembra Ruffino, configuram racismo e são passíveis de punição, mas o preconceito vai muito além disso, diz ele.


"Ser ativista é estar preparado para incomodar o tempo todo e fazer com que as pessoas reflitam sobre."

Felipe é morador de São Paulo, e na sua opinião o maior problema da cidade é a segurança, já a variedade de pessoas e vivências é o que a cidade tem de melhor.


O Portal Futuro Livre aproveitou a conversa com o ativista para falar sobre a diversidade cultural, e Felipe Ruffino foi franco em suas palavras:


"Eu penso que São Paulo sempre foi uma cidade com uma diversidade infinita de acessos culturais. Porém, muitas delas ainda com pouco acesso ao público que não tem tantas condições de estar nela. Os que possuem, ainda com pouca divulgação para a massa."

A cultura em São Paulo é de uma grande riqueza. Em conversa com o Portal Futuro Livre, Paulah Gauss, cantora e apresentadora paulistana, fala sobre a experiência de ser cantora na cidade:


"Alguma coisa acontece no meu coração quando penso nesta megalópole que eu nasci e sempre vivi. Ser cantora em São Paulo é uma experiência única e desafiadora que me enche de orgulho, nestes 23 anos de carreira."

São Paulo, cabe lembrar, conta com a presença de grandes atrações musicais. O destino paulistano é escolhido por muitos artistas internacionais, inclusive.


Na visão da cantora paulistana, a cidade é um grande caldeirão de culturas e inspirações, e de acordo com ela, isso torna cada apresentação emocionante.

"A cena musical é vibrante, diversa e repleta de talentos. Um lugar onde novas oportunidades surgem a cada esquina e onde tenho a sorte de encontrar músicos e compositores incríveis."
Imagem: divulgação/Paulah Gauss

Paulah Gauss diz que a energia paulistana alimenta sua paixão pela música e a inspira a contar histórias através das canções.


"A cidade me desafia a crescer e me conecta com um público apaixonado pela arte."

Gauss, ainda em conversa com o Portal Futuro Livre, fala sobre sua paixão pela cidade e um sonho: "Sou uma apaixonada por muitos bairros, especialmente pelo centro e tenho o sonho de ver esta região revitalizada."






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