top of page

Urbanização Escondida 11/12

Os paulistanos andam sempre muito rápido, e a pressa em resolver problemas por exemplo pode causar graves consequências à saúde.

Imagem: reprodução/Agência Brasil

O Portal Futuro Livre conversou com a psicóloga Olga Tessari. Leia tudo que ela tem a dizer sobre a relação entre São Paulo e a ansiedade:


O Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. E, certamente, boa parte dos brasileiros ansiosos reside em São Paulo.

"A ansiedade é um mecanismo inato no nosso organismo e sua função é nos proteger e nos guiar para evitar um possível perigo ou sofrimento. Ela faz parte da vida: se ela permanece dentro de um patamar normal, ela nos traz energia, disposição e criatividade, serve para nos deixar atentos e focados em uma tarefa, melhorando o nosso desempenho", explica a psicóloga.


Quando a ansiedade ultrapassa o patamar normal, surgem sintomas físicos e emocionais que só aumentam com o tempo, causando muito sofrimento. 

Para Olga, a realidade dos paulistas também colabora e muito para a elevação da ansiedade. Ela segue e diz: "O tempo perdido em congestionamentos sem fim, o transporte público precário, a insegurança provocada pela violência dos múltiplos assaltos que acontecem a qualquer hora e em qualquer lugar, os golpes na internet, a inflação dos produtos básicos de consumo que corrói o salário do trabalhador e que o levam a fazer malabarismos sem fim para conseguir pagar suas contas no final do mês, o estresse do ambiente de trabalho com excessivas cobranças de desempenho e o medo do desemprego, entre tantos outros fatores."


"As sensações físicas mais comuns percebidas com a elevação da ansiedade são o aumento dos batimentos cardíacos, a respiração curta, o suor, a tensão muscular, sensações gástricas e intestinais como náuseas, dores e diarreia."

Olga, ainda em conversa com o Portal Futuro Livre, conta que na medida em que a ansiedade se eleva ou se mantém elevada, várias desordens psicofisiológicas transitórias surgem como dores de cabeça, insônia, disfunção erétil, contrações musculares etc.​ 


"Além de tudo isso, a pessoa ansiosa vive em constante tensão ou nervosismo por conta da sensação de que algo ruim vai acontecer, o que provoca um medo constante e irritabilidade, uma preocupação exagerada que causa o descontrole sobre os pensamentos negativos que dominam a mente da pessoa ansiosa, sempre pensando que vai acontecer o pior."

Sobre as consequências da ansiedade, Olga é direta:


"As consequências da ansiedade elevada se refletem nos comportamentos compulsivos como comer demais, abuso de drogas lícitas ou ilícitas; o tempo perdido em jogos; a procrastinação do trabalho, das tarefas e das obrigações; o aumento dos pensamentos obsessivos, negativos e acelerados que causam irritação, nervosismo, dificuldade de concentração e o surgimento de medos irracionais, descabidos e desproporcionais que causam paralisia ou estagnação."
Imagem: divulgação/Olga Tessari

Olga diz que tudo isso gera uma sobrecarga no organismo que, a longo prazo provoca o surgimento da depressão, gerando a vontade de fugir, de desistir e de abandonar tudo, levando a pessoa, muitas vezes a ver no suicídio a única forma de parar com todo esse sofrimento. 


A psicóloga conta que a ansiedade elevada interfere nos relacionamentos entre as pessoas, diminui a autoestima e colabora para a violência doméstica, entre os familiares, os amigos, os vizinhos e até entre estranhos, causando discussões e brigas por motivos fúteis como as que ocorrem entre as torcidas de futebol ou no dia a dia do trânsito caótico, por exemplo. 


A psicóloga, aliás, relata sobre a relação da ansiedade e a vivência na cidade de São Paulo:

     

"Viver em São Paulo é difícil para quem não tem um bom poder aquisitivo, uma vez que a mídia, de todas as formas, induz as pessoas a consumirem muito mais do que o necessário, principalmente coisas supérfluas. Pessoas com baixa autoestima são as mais afetadas, uma vez que elas consideram que precisam ter todos esses supérfluos para se sentirem amadas pelos outros."

A ansiedade pode voltar ao patamar normal e colaborar para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Para isso, é preciso acabar com a insegurança que ronda as pessoas em vários quesitos. Sim, porque o que causa a elevação da ansiedade, em última instância, são os medos, as dúvidas e as expectativas, conclui a psicóloga.


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page