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Foto do escritorLucas Rogerio

Urbanização Escondida 4/12

"Aqui em Lisboa não existem edifícios como em São Paulo, e eu tento não rir quando me dizem que [Lisboa] é cidade grande. Ela é muito pequena para quem nasceu em São Paulo", é o relato de Renata Rotunno, estudante de mestrado. A paulistana, orgulhosa da cidade em que nasceu, conta como conheceu o marido, e relata como a violência paulistana faz parte da história do seu casamento:


"Eu me casei no final de 2016 com um engenheiro de telecomunicações chamado Rocco, ele é do Paraná e neto de italiano. Nos conhecemos em São Paulo, a capital do trabalho e das oportunidades, e vivíamos na Cidades Monções [região do Brooklin, sudoeste paulistano], próximo a Avenida Berrini. O Rocco é muito bom no que faz e trabalha numa multinacional cujo escritório está situado na Avenida Berrini."
Imagem: reprodução/Descubra Sampa/Região de Cidades Monções

Renata conta que a região da Cidade Monções é muito boa para viver, no entanto, é muito perigosa. "Vivíamos na Rua Flórida, que estava bem famosa - na época - pela quantidade de assaltos. Nem preciso falar que o Rocco foi assaltado à mão armada no portão de nossa antiga casa. Este infortúnio aconteceu nove meses após a nossa casa ser invadida, enquanto passávamos com o nosso cão Raul."

"O principal problema é a violência. Nós, paulistanos, estamos à mercê da criminalidade e estamos de mãos atadas para o problema."
Imagem: divulgação/Renata Rotunno

Renata, atualmente residindo em Portugal, na Europa, relata uma curiosidade sobre como foi receber a mãe de Rocco em Lisboa, e como esta experiência a fez perceber a grandeza de São Paulo:


"Quando recebi a mãe do Rocco, a levei para passear e compramos tickets para o Hop-on Hop-off [ônibus turísticos também conhecidos como sightseeing, que geralmente são abertos na parte de cima]. E no itinerário eles [guias turísticos] passaram por dois edifícios no centro, com o maior orgulho, disseram que eram os mais altos do país. E eu fiquei impressionada de eles considerarem os dois edifícios como cartões postais da cidade."
Imagem: reprodução/Blog Viagem Para Lisboa

A estudante complementa: "É outra realidade! E aqui não tem assaltos, podemos caminhar com o smartphone na mão que ninguém tenta roubar. E eu demorei alguns meses para perder o medo de motoqueiros., era horrível no início, eu ouvia a moto e já apertava o passo ou me escondia. E o motoboy nem aí pra minha presença. O complicado é quando vou visitar a minha família. [no Brasil], uma tremenda desconstrução."


Renata falou do transporte público de Lisboa e o da capital paulista:


"O trânsito de São Paulo é incomparável a qualquer outro lugar que já visitei."
Imagem: reprodução/Marco Ankosqui/Mobilidade Estadaão

Para exemplificar o trânsito paulistano, ela relata: "Estudei no 'Firmino de Proença', localizado na Rua da Mooca. Eu me recordo de quando tinha 11 anos e estava a espera da minha irmã me buscar na escola. O horário de saída era às 18h e a minha irmã estava atrasada. Em frente a secretaria estava uma fila interminável de carros parados e recordo de um motorista que estava a ler um livro enquanto estava parado. Fiquei duas horas a espera da minha irmã, preciso comentar que tinha chovido por demasiado e os entornos estavam alagados - por isso a fila de carros sentido centro - e por isso a minha irmã parecia nunca chegar."


"Hoje, vivo em Lisboa e, por mais que os lisboetas reclamam do trânsito, nada se compara ao da minha cidade. A diferença principal que noto é na cordialidade do motorista, em São Paulo - creio que seja pela nossa experiência de retornos Intermináveis ou entradas equivocadas em regiões perigosas - somos motoristas cordiais, comparados aos lisboetas. Quando vivia em São Paulo, a maioria das pessoas concedia a passagem."

Renta continua seu raciocínio sobre o trânsito: "Outra diferença forte que noto no trânsito está no respeito ao pedestre, que em Portugal chamam de peão. Em São Paulo, as pessoas costumam atravessar fora da faixa e os motoristas não respeitam - na minha opinião - quem caminha. Mas devo dar um desconto aos motoristas paulistanos, porque a criminalidade deixa-nos desconfiados - estamos sempre em alerta e evitar assaltos."


"Em Portugal, a preferência é sempre de quem caminha e nas ruas de bairro mal existem semáforos. O motorista sempre pára para o pedestre e quando não o faz pede desculpas."

Uma vez paulistana, sempre paulistana, Renata conta sempre para no meio fio das ruas de Lisboa e aguarda passagem: "Ainda não acostumei em jogar-me na faixa de travessia por lembranças de São Paulo, sempre espero o motorista parar para eu poder atravessar. A maioria avisa que não preciso esperar, mas não consigo fazê-lo."


Com vivências tanto em São Paulo quanto em Lisboa, Renata considera o transporte público paulistano melhor. A ex-moradora de Cidades Monções conta que considera o transporte de São Paulo mais limpo, até das vezes que viajou aos extremos da capital.

Imagem: reprodução/Prefeitura de São Paulo

"Em Lisboa, existem os mesmos veículos: trem, ônibus e metrô. Somando-se aqui alguns bondes que não foram desativados, o que aumenta a opção de viagens, e os barcos que atravessam o Rio Tejo para a cidade vizinha. Pela quantidade de pessoas, há mais opção de transporte", explica Renata.


"Em São Paulo, não temos viagens de barcos pelo Rio Tietê, mas talvez um dia o teremos, e os bondes foram desativados há muitos anos. Mas, a nossa tecnologia, organização e limpeza são muito boas."

Renata alerta que os paulistanos perdem pela oferta: "[Nós, paulistanos] temos passageiros demais para poucos veículos - o que gera a super lotação - e o trânsito que não contribui."


Um desejo de Renata é o transporte público gratuito em São Paulo, já que os passageiros viajam como "sardinhas em lata", nas palavras dela.

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