A cidade mais populosa do Brasil, e de quebra, da América do Sul, ocupada por mais de 12 milhões de pessoas, responsável por uma das maiores multiculturas do mundo, reunindo comunidades de imigrantes, além de ser o centro financeiro e industrial do país. Este resumo de São Paulo é conhecido por muitos, mas como tudo tem seu outro lado, é hora de conhecer os bastidores da cidade.
Em uma ação inédita e imersiva de aprofundar dados e histórias, utilizando relatos significativos de moradores da cidade, o Portal Futuro Livre, em doze episódios, pretende trazer São Paulo de uma maneira diferente.
No dicionário, o termo urbanização tem o seguinte significado: conjunto de técnicas e de obras que permitem dotar uma cidade ou área de cidade de condições de infraestrutura, planejamento, organização administrativa e embelezamento conformes aos princípios do urbanismo.
No âmbito jornalístico aqui apresentado, Urbanização Escondida mostrará o que vai além da poderosa Sampa.
São Paulo é uma metrópole, ou seja, uma cidade que exerce certa influência econômica, social e administrativa. E, de fato, a história comprova isto.
São Paulo tem a Liberdade, a casa dos imigrantes japoneses. A terra da garoa tem o bairro da Mooca, com a cultura italiana e raízes de Portugal são vistas no Canindé.
Os três bairros representam bem a diversidade paulistana, e sem sombra de dúvidas, os 99 bairros da cidade guardam segredos. As avenidas, os becos, as vielas, as estradas, as ruas, as esquinas e os 1.521 km², distribuídos em cinco regiões, fazem de São Paulo uma cidade, acima de tudo, surpreendente.
Com um número gigante de bairros, e uma extensão geográfica admirável, São Paulo possui uma grande diferença de qualidade de vida em suas cinco regiões, e a desigualdade social é evidenciada quando há comparação entre o bairro mais rico e o mais pobre da cidade.
O Itaim Bibi é considerado o mais nobre bairro da capital paulista. Segundo dados oficiais da Prefeitura de São Paulo, o bairro tem 97.245 habitantes, sendo 53,96% mulheres, e seus moradores têm média de 43 anos de idade.
6,61% dos empregos formais de São Paulo estão no Itaim Bibi, o que representa 335.364 vagas preenchidas.
A média salarial, do emprego formal, no Itaim Bibi é de R$ 7.430,19.
Parelheiros é considerado o bairro mais pobre de São Paulo. O bairro é residência de 155.468 pessoas, 51,05% são mulheres, e a média de idade em Parelheiros é 32 anos.
7.587 vagas de emprego preenchidas, ou seja, uma representação de apenas 0,15% dos empregos formais da cidade.
A média salarial é de R$ 2.724,17. A diferença salarial, em números, entre Itaim Bibi e Parelheiros é de R$ 4.706,02, o valor de diferença ultrapassa a média salarial de toda a cidade. São Paulo tem uma média salarial, oficialmente, de R$ 3.488,96.
Mesmo o bairro do Brás tendo uma média salarial menor que a de Parelheiros, com R$ 2.453,84, ainda assim não é considerado o mais pobre da cidade. Exatos 1% dos empregos formais da capital estão no Brás. O que mostra como é o poder da região.
O Brás é conhecido por seu forte apelo comercial, diversas lojas, e sua dedicação é especialmente ao comércio de roupas, diferente da 25 de Março. Mesmo com sua força comercial, o bairro da Zona Leste representa 50.895 empregos formais, divididos oficialmente em 5.540 estabelecimentos formais. O comércio local, cabe lembrar, é muito informal.
Marsilac é um bairro no extremo da Zona Sul, que para muitos é o mais pobre da cidade, no entanto, oficialmente falando, o bairro é muito pequeno.
Para se ter uma ideia, Marsilac tem apenas 0,07% do total de habitantes da cidade. Em números, 8.463 pessoas. A maior parte dos moradores são homens, sendo 50,42% no total.
O número de empregos formais no Marsilac é 4.370, ou seja, uma representação de 0,09% dos empregos.
A média salarial é de R$ 2.359,84, ou seja, menor que Parelheiros, mas o custo de vida em Marsilac é diferente. Cabe esclarecer que Itaim Bibi, Parelheiros e Marsilac são da Zona Sul da cidade.
Uma moradora do Marsilac, sem revelar sua identidade, conta que o sinal de celular no bairro é péssimo, e muitos dos problemas de quem mora lá são resolvidos, justamente, no bairro de Parelheiros.
O bairro da Lapa é um importante local que exemplifica a diversidade paulistana. O bairro tem 2,28% dos empregos formais da cidade, ou seja, 115.619.
A Lapa é um bairro de forte comércio, e conta inclusive com duas estações de trem e um terminal de ônibus. Além do Mercado Municipal da Lapa, que fica bem próximo de ambas as estações, principalmente a Lapa da Linha 7-Rubi, da CPTM.
A média salarial no bairro é de R$ 3.521,55, superando a média da cidade. O bairro é considerado tradicional da cidade, e mesmo sendo de área grande, sua população não é tão grande em números. 67.083 habitantes da cidade moram na Lapa, e em porcentagem equivale a 0,56% da população.
Histórico bairro de São Paulo, o Capão Redondo já foi motivo de medo para muitos. Hoje, o bairro que conta até com uma estação de metrô, concentra 2,51% da população, um equivalente a 298.611 habitantes.
O Capão, no entanto, tem somente 13.820 empregos formais, ou seja, a imensa maioria dos trabalhadores do bairro se deslocam para outros locais para trabalhar. Apenas 0,27% dos empregos formais da cidade estão no bairro, que é da Zona Sul. O Capão Redondo tem, aliás, 1.779 empresas formais, uma representação de 0,63% das empresas da cidade.
Outro bairro conhecido da cidade é Brasilândia. A Brasilândia tem 283.658 habitantes (2,38% no total).
Somente 10.407 empregos formais de São Paulo estão no bairro da Brasilândia, o que representa 0,21% dos empregos da cidade.
As representações, em números, citadas acima mostram que a cidade de São Paulo possui muitos bairros considerados dormitórios. O Brasil possui muitas cidades com este nome. Uma cidade-dormitório representa baixo nível de desenvolvimento econômico e social. São Paulo, mesmo sendo uma cidade, tem uma extensão geográfica maior que muitos países, e isto observa-se nos números oficiais, obtidos no site oficial de Negócios da Prefeitura de São Paulo: São Paulo concentra muitos moradores em bairros grandes, e muitos empregos em bairros menores.
Como exemplificado acima, a Lapa tem mais de 100 mil empregos, mas tem menos de 68 mil habitantes. A transição na cidade é representada pelo seu trânsito.
Conhecida por ser a cidade que nunca dorme, São Paulo tem um trânsito considerado intenso por muitos. A cidade tem uma das maiores frotas de veículos de todo o mundo, e é claro, isto causa congestionamentos.
É ligeiramente comum acidentes no trânsito paulistano. A cidade não para em terra, mas muito menos no ar. A capital tem a maior frota de helicópteros do mundo. Ao menos 11 mil ônibus circulam em São Paulo.
Ainda sobre o trânsito, a frota de ônibus de São Paulo é uma das maiores do mundo, de acordo com a SPTrans. Em nota, a empresa informa que o sistema de transporte funciona 24 horas por dia, e transporta cerca de 2,6 milhões de pessoas em dias uteis.
Oficialmente, a SPTrans, que é quem gerencia todo este sistema, informa que tem uma frota operacional de 11.943 ônibus, e toda a frota é monitorada por meio de GPS instalado nos ônibus.
A empresa alerta, ainda, que quando constatado o descumprimento de viagens, a empresa responsável pelas linhas é multada.
A cidade de São Paulo conta com o Serviço Atende+, administrado pela SPTrans. Em nota, a empresa explica que é uma modalidade de transporte porta a porta gratuito que, de acordo com a legislação vigente, deve ser oferecido às pessoas que não apresentam condições de mobilidade e acessibilidade autônoma aos meios de transportes convencionais ou que manifestem grandes restrições ao acesso e uso de equipamentos urbanos, com deficiência física, temporária ou permanente; transtorno do espectro autista; surdocegueira.
Cabe esclarecer que é a SPTrans a empresa responsável pelo Bilhete Único. O bilhete dá direito a quatro embarques nos ônibus da cidade de São Paulo, em um período de até três horas, mediante o pagamento de um único valor e permite a integração com desconto com o sistema sobre trilhos.
A empresa ainda conta com um programa específico visando o aumento na segurança, chamado Programa de Redução de Acidentes em Transportes (PRAT), que tem como objetivo identificar situações críticas e propor ações para minimizar os riscos de sinistros envolvendo os ônibus municipais, bem como apurar a possível responsabilidade e medidas corretivas quanto ao comportamento dos motoristas.
A cidade de São Paulo, com seu trânsito quilométrico, acumula diariamente diversos casos de acidentes, e não é raro ter acidentes com ônibus. Questionada sobre qual é o protocolo quando um motorista de ônibus se envolve em algum acidente, a SPTrans disse:
"Quando ocorre um acidente com vítima, a SPTrans aciona a concessionária, responsável pela contratação do motorista, para que adote as medidas legais previstas em contrato com relação ao funcionário envolvido. Inicialmente, o motorista é afastado das funções, enquanto ocorrem as ações policiais de investigação e os procedimentos na esfera judicial. O profissional pode ser retirado do cadastro de motoristas até a conclusão das apurações e o curso do devido processo legal. A SPTrans realiza treinamentos diretamente com os RH’s (Recursos Humanos) das empresas concessionárias e ao longo do ano promove ações e campanhas de prevenção para reduzir e evitar sinistros."
É recorrente na cidade de São Paulo a existência de vendedores ambulantes no transporte público, chamados de marreteiros. A SPTrans informa que não é permitido qualquer tipo de comércio no interior dos ônibus e, quando flagrada esta prática, a empresa responsável pela linha é autuada de acordo com o Regulamento de Sanções e Multas (Resam). Se houver a presença de algum vendedor ambulante, o motorista do coletivo deve solicitar seu desembarque podendo requerer apoio de forças policiais, se necessário.
Ainda sobre o transporte público paulistano, existe um investimento forte na comunicação, através do Jornal do Ônibus. Solicitamos a SPTrans uma nota para falar sobre este trabalho:
"O Jornal do Ônibus é um dos principais canais de comunicação entre a SPTrans e os passageiros para a divulgação das campanhas que reforçam o compromisso da gestora em oferecer serviços eficientes e com qualidade, como: ‘Ponto Final ao Abuso Sexual’, ‘Ponto Final ao Racismo’ e ‘Respeite o espaço das outras pessoas’. A peça, criada em 1999, está em sua edição 1.140 e apresenta ainda orientações sobre os serviços do transporte por ônibus na cidade de São Paulo e a prestação de serviços públicos oferecidos pela Prefeitura e as Secretarias Municipais. O informativo tem periodicidade quinzenal e tiragem de 21 mil exemplares, sendo afixado em todos os coletivos da cidade, unidades administrativas, Postos de Atendimento do Bilhete Único nos terminais e subprefeituras e nos quadros de avisos dos terminais."