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Foto do escritorLucas Rogerio

Relatos, momentos, significados. O dilema e as facetas da ansiedade que vai além de uma pandemia

A reportagem a seguir pode conter gatilhos para quem ansiedade, depressão e desejos de suicídio. O Portal Futuro Livre quer que você, primeiramente, se sinta bem para ler a reportagem. Caso não ne sinta confortável, e precise de ajuda, ligue para 188, número oficial do CVV, o Centro de Valorização da Vida.


Também existe o Projeto Help, que está presente através do Instagram: instagram.com/help.fju


A seguir:


Relatos, momentos, significados. O dilema e as facetas da ansiedade que vai além de uma pandemia


Parar um pouco e perceber sua respiração; perceber que não consegue "voltar ao normal" e acabar ficando desesperado, o coração batendo cada vez mais forte, mão formigando, perna começa a se mexer sozinha, pensamentos diversos e não querer ouvir 'fique calmo' de jeito nenhum, e viver tudo isso sozinho, sem ajuda muitas vezes por simples preconceito e falta de conhecimento sobre o assunto.



Imagem: Portal Futuro Livre

O que você vai ler a seguir é o relato de um jovem adulto de 19 anos, que relata como foi sua triste experiência com as crises de ansiedade, o chamaremos de Paciente X:


"Eu fui infectado com Covid-19, e estava passando mal, fui ao médico, e lá eu comecei a ter muita falta de ar, e falei para minha mãe, que me acompanhava, que eu não estava conseguindo respirar. Eu comecei a chorar, e minhas mãos travaram, meus braços também, eu só conseguia falar que não conseguia respirar, e foi um desespero, eu vi minha mãe chorar demais, e a equipe médica me acudiu, e minha mãe seguia desesperada, o que demorou para fazer com que eu voltasse ao normal. Uma médica me levou para o consultório, e ela conversou comigo sobre uma série de TV, me fazendo ficar distraído, e assim eu consegui voltar ao normal. Ela me encaminhou para tratamento psicológico, e foi um anjo na minha vida."

Levamos o relato acima para a Doutora Cristiane Moraes Pertusi, que é psicóloga, coach e psicoterapeuta, com doutorado em Desenvolvimento Humano pela USP, além de ser mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS, além de outras especializações pela carreira. Ela comenta sobre as ações da médica:


"Parece que a tentativa da médica foi procurar trazer a parte racional do paciente como uma estratégia terapêutica de baixar grau de ansiedade e foco dos pensamentos que desencadearam sintomas ansiosos. Teve uma função pontual, mas não resoluto porque esse paciente, além de medicação em caso dos sintomas na crise aguda, necessita de psicoterapia, onde pode aprender técnicas de como se acalmar e como trabalhar sua ansiedade."

Uma história aqui a ser relatada é da Ana Rita; um pouco discreta, tímida, de poucas palavras, mas aceitou, sem fotos, falar sobre como a ansiedade afeta sua vida. Ana tem 29 anos, e diz que a vida toda teve ansiedade, mas que as crises vieram quando ela apresentou um quadro de Síndrome de Burnout.


Burnout é uma síndrome que, geralmente, atinge profissionais em trabalhos, e acaba levando ao esgotamento da pessoa.


O trabalho de Ana acabou por intensificar a ansiedade que já sofrera, mas ela ressalta ''foram mais as relações de trabalho do que o trabalho em si''. Sobre ouvir a palavra 'frescura', Ana fala que ouviu um pouco. É frescura - é o que muitos dizem, e Ana, ainda que tenha ouvido pouco, sabe que não é, e se sentindo bem para dizer, ela relata como foi sua primeira crise:


''Eu estava no banheiro do trabalho, quando comecei a sentir falta de ar, fiquei ofegante e comecei a chorar. Demorou uns bons minutos até eu me acalmar; crises iam e vinham, mas esta foi a primeira!"

Com ''sim'', Ana responde se ficou com medo daquilo [crises de ansiedade] acontecer de novo. A moça mais na dela, de 29 anos, aponta que numa escala de zero a dez, seu desenvolvimento no trabalho atinge a nota cinco.


''Foi muito mais pessoal. Eu tentei não deixar em evidência que estava com problemas, não queria que ninguém sentisse pena de mim!''


Ana, atualmente, tem acompanhamento com psicóloga e psiquiatra. Ao decorrer da reportagem, outros apontamentos dos relatos dela irão surgir.


Dois personagens deste repleto mundo ansioso, sem se identificar, aceitaram falar sobre suas relações com a ansiedade. O primeiro relato foi do Paciente X, e agora contaremos a história do 'Amigo' [nome que utitlizaremos para identificá-lo no decorrer da reportagem].


O Amigo fala que vários foram os piores momentos que acabaram ocorrendo numa crise de ansiedade, entre eles, apontou crises existenciais, pensar no passado e discussões com amigos. Ele e Ana já pensaram no suicídio, mas ela não tentou, e com tratamento disse que os pensamentos acabaram sumindo, já o Amigo fala que tentou tirar a própria vida, mas acabou sendo ajudado por alguém.


O Amigo, em palavras objetivas durante a entrevista, descreve a ansiedade como um aperto no peito, uma sensação muito ruim. São várias coisas que o fazem passar mal e ficar sem ar. ''Para mim é desesperador e não desejo para ninguém!". Amigo ainda diz que, infelizmente, muitas pessoas tratam como drama, e ele espera que essas pessoas que afirmam isto, não passaem por uma crise de ansiedade, pois é horrível.


Ana, sobre o que significa a ansiedade para ela:


''Ansiedade é como se sentir preso em sua própria cabeça, com vários personagens passando ao mesmo tempo e você não ter controle sobre eles. É tão ruim quanto a depressão.''

Imagem: Dra Cristiane Moraes Pertusi


A psicóloga Cris Pertusi explica que o transtorno de ansiedade vai aumentando as limitações do indivíduo em sua rotina e isso acaba por deprimir e gerar sentimentos de incapacidade, alterando autoestima e, acaba por trazer, um retraimento social, entre outros sintomas.


"Também a depressão quando não tratada permite que a pessoa se torne cada vez mais ansiosa em tentativas frustradas de enfrentar seus problemas emocionais e não conseguir. A maioria dos quadros emocionais possuem sintomas de ansiedade como comorbidade associada.", explica a especialista sobre a ansiedade acarretar depressão.


Tallyta Pavan tem 22 anos, trabalha com comunicação. Algo em comum com Ana, que trocou de profissão após a crise. Ana ingressou na comunicação e é, agora, colega de Tallyta, mesmo as duas não se conhecendo.


Imagem: Tallyta Pavan


E na segunda parte desta reportagem, você vai acompanhar os relatos dela.

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