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Foto do escritorLucas Rogerio

O triste 22 de junho de 1990: o início da epidemia de crack no Brasil

Uma das drogas mais devastadoras do mundo é o crack, que no Brasil possui um aglomerado próprio de vendas e produção, como uma nação própria, chamada de Cracolândia. O mundo do crack não é nada agradável, e essa droga é como uma epidemia, que no Brasil surgiu, oficialmente, no dia 22 de junho de 1990.



Imagem: Internet


O Portal Futuro Livre faz uma volta ao passado, e mostra consequências daquele fatídico dia e o porquê ele é tão importante para a história recente do país, quando se fala em tráfico de drogas. Mas para entender o porquê aquele dia 22 foi tão importante para a devastação da droga, precisamos conhecer melhor o próprio crack.


A DROGA


O crack é uma substância psicoativa, que estimula o sistema nervoso central. Diferente do que muitos pensam, o crack não é uma droga diferente, ele vem da pasta da cocaína, que por sua vez, é extraída por meio de processos químicos das folhas da coca (Erythroxylum Coca), cuja origem é na América do Sul.



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O MAPA DO CRACK


2021, 31 anos após o início da epidemia, que tempos depois deu origem à um lugar quase que turístico e grande retrato do descaso, a Cracolândia (centro de São Paulo), o Observatório do Crack informa que 85,44% dos municípios brasileiros possuem problemas com a droga.


Colômbia, Peru e Bolívia, segundo a ONU, são os maiores produtores de cocaína, e o Brasil é o principal mercado estrangeiro. Em base, funciona da seguinte maneira:


Imaginemos que a Bolívia, por exemplo, seja uma grande fazenda que produza leite, e esse leite precisa se tornar manteiga e queijo, então o Brasil, que no caso é comprador e vendedor, investe e transforma o leite em manteiga e queijo, exportando para todo o mundo e abastecendo o comércio local.


Não é raro ser noticiado que compradores internacionais vêm ao Brasil para comprar a cocaína já transformada em crack. No submundo do tráfico internacional de drogas, o Brasil é referência em vendas e grandes negociações.


O PLANO DO CRIME


O plano inicial da produção do crack era manter em segredo seu lugar de origem, podendo, futuramente acusar os produtores de cocaína como responsáveis.


Mas no dia 22 de junho de 1990, os planos do tráfico de drogas tiveram de ser adaptados.

Por mais que se conheça que o crack apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos da América, por volta dos anos 1984 e 1985, foi o Brasil que fez a droga ser uma potência de desgraça no mundo. Segundo investigações não oficiais, o Brasil iniciou a produção e começou a proliferação por volta na década de 80, num básico plano de enriquecer a criminalidade e se esconder.


A LINHA DO TEMPO (TERÇA, 22 - DIAS ATUAIS)


Numa terça-feira, a DISE, Divisão de Investigação Sobre Entorpecentes, encontrou aquilo que seria o primeiro registro do crack no país. Foi em bairros da Zona Leste de São Paulo, que se alcançou futuramente a Região Central, próxima a Estação da Luz, dando vida à Cracolândia e confirmando que o centro de produções do crack estava nessas mediações há tempos.


Em 2012, a Unifesp, de acordo com pesquisas do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, informou que aproximadamente dois milhões de brasileiros já tinham usado a droga. Pelas abordagens policiais recentes e grandes apreensões, entende-se que o número cresceu.



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O aglomerado de 1.680 pessoas que vivem na região da Cracolândia, espalham a droga por São Paulo, pelo Brasil a fora e, consequentemente pelo mundo, em teoria. Na prática, a Cracolândia é a ponta do iceberg do que foi descoberto no dia 22 de junho de 1990.


Naquele dia, percebeu-se que a droga precisava passar pelas fronteiras com outros países, e diferente do caminho da maconha, a cocaína passou a ser produzida no Brasil, em meados de 80, ainda em pequena quantidade.


A TERRA DAS OPORTUNIDADES


O local escolhido era estratégico: São Paulo. A capital paulista estava cada vez mais crescente, forte e rica, e como todos olhavam para a cidade, a criminalidade atirou no escuro (e acertou), já que as investigações oficiais, extraoficiais e aqueles que não podem ser citadas, acreditavam que assim como a maconha, a droga estava vindo do Mato Grosso do Sul, por exemplo.


Com o atraso de investigações no sudeste, a droga percorreu o Brasil pelo norte, nordeste, proliferando-se pelos municípios, até então, esquecidos pelas autoridades. Quando ações policiais, no dia 22 de junho de 1990, encontram o crack na região leste de São Paulo, os criminosos escondidos, agem rápido e usam os municípios brasileiros que tinham pequenas quantidades de cocaína, e trazem grande quantidade a terra da garoa.


De forma estratégica, a droga crescia no estado, literalmente, na cara da polícia. Que precisou refazer investigações para entender o ciclo da cocaína no Brasil.


Aos poucos, usuários começaram a aparecer.

220 gramas de entorpecentes, sob posse de um rapaz na Zona Leste, naquela terça-feira, tornou-se, na Cracolândia. A droga que dominava o Brasil, passou a ser mais forte que a polícia, que aos poucos foi se armando contra o crack.


AS CONSEQUÊNCIAS


Hoje, os planos criminosos voltam aos anos 90, e conseguem colocar o crack no país pelas fronteiras, e diferente da rota inicial, que fora pelos municípios nortistas e nordestinos, o crack tem grandes apreensões anuais em estados como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, por exemplo.


Foi divulgado na metade de 2020, pelo Governo Federal, que as autoridades competentes aprenderam 92,5 toneladas de cocaína e 3,8 toneladas de crack, por exemplo.


Não se sabe, ao certo, como é possível acabar com o crack, se é que é possível, mas é suma compreensão que a DISE estragou planos grandes do tráfico em junho/1990, que, poderia se tornar algo maior e insustentável atualmente. Embora aparenta lentidão, cada passo estratégico dos responsáveis por tentar aniquilar a droga, é uma espécie de desequilíbrio nos cofres da criminalidade.


O dia 22 de junho de 1990, dia que, oficialmente, iniciou-se a epidemia, não pode ser lembrado como um dia feliz, mas como um triste dia, por mais que as autoridades tenham conseguido apreender a droga, a euforia policial não contava com um esquema maior que viria, e que hoje é problema para todas as prefeituras eleitas desde então. Resta saber se um dia a Cracolândia acabará e se será suficiente para iniciar a fase final de buscas e apreensões dos barões do crack no nosso país.
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