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"Isso é bom pra mim" poderia ser uma frase de Vargas

Acostumados a viver em um país dividido entre pensamentos contrários, os brasileiros não sabem lidar com opiniões adversas, muito menos com o populismo de seus líderes.


Essa é a Coluna INTERFERÊNCIA, que apresenta fatos históricos, comparações polêmicas e teorias da conspiração. Vale tudo para este debate.


As Eleições de 2022 provaram que o populismo no Brasil é real, mas temas complexos não fazem parte da rotina de um populista, afinal de contas, quem é louco de perder sua popularidade a favor de uma reforma que pode ajudar o Brasil a crescer?

Ironias à parte, o Brasil teve com Michel Temer um governo extremamente impopular, que passou por graves problemas, mas que por ser popular aprovou reformas importantes, como a trabalhista em 2017, que embora gere fortes críticas, foi aprovada, além de ter sido no Governo dele a criação da PEC 55, que limita os gastos do Governo, e na economia houve certo sucesso, já que entre maio de 2016 e agosto de 2018, o déficit primário acumulado em 12 meses caiu de 2,5% para 1,3% do PIB, e neste mesmo período houve queda do déficit nominal de cerca de 10% para 7,5%.


Essa introdução toda é necessária para entendermos alguns pontos da história. Resumindo: tecnicamente, Michel Temer foi um bom Presidente do Brasil. E os populistas? Se eu disser que Bolsonaro for bom, sou um louco, e se eu falar que o Lula tá mandando bem, eu fiquei maluco. Com populistas não mexemos! A história os cria. A história tem um populista pra chamar de seu, mas falamos de Getúlio em instantes.


O efeito "positivo", aliado a imagem "negativa" do PT na época ajudou (e muito) na eleição de Jair Bolsonaro. Atualmente, Jair Bolsonaro é a figura antipetista mais acentuada do país, é como se Bolsonaro e Lula fossem dois super-heróis, cada um com seu estilo, cada um com sua vivência, com sua verdade, e que juntos protagonizam um filme.


Detalhe, aliás, é que tanto Bolsonaro quanto Lula são extremamente populares, e neste filme de super-heróis, pouco se fala do coadjuvante em questão. O futuro, no entanto, inocentará Michel Temer, quer as pessoas gostem ou não.


Se Michel Temer fosse o Presidente do Brasil em 1930, enquanto se vivia aqui a República Velha (chamada também de República do Café com Leite, nome para a tal Política do Café com Leite), com toda certeza ele e Getúlio teriam sentado numa mesa, conversado horas, e quatro anos depois, Getúlio seria seu sucessor: eis o "primeiro" populista governando o país, e Temer sairia com máxima discrição. A história não nos permite inventar fatos, afinal de contas, a história comprova que Vargas assumiu o poder no lugar de Washington Luís, colocando um fim naquele regime e iniciando a Revolução de 30, ou Golpe de 30, como preferir.


O que, de fato, como um teorista conspirador, podemos dizer que o regime estava enfraquecido, precisando de renovação, já estava ficando "ultrapassado", e o mundo se impactava tempos antes com uma forte crise: welcome to 1929.


A Grande Depressão, chamada de Quebra de 29, foi causada pela superprodução, falta de regulação da economia, além do excesso de crédito (olha ele aí) e muita especulação. Esse evento teve início com a quebra da bolsa de NY, em outubro de 1929. Resultado? Milhares de empresas faliram, milhões de pessoas sem emprego.

Foi causada pela superprodução, falta de regulação da economia, excesso de crédito e pela bolha de especulação. Teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929. Fez com que milhares de empresas falissem e milhões de trabalhadores ficassem desempregados.


A crise de 1929 atingiu o Brasil, afinal de contas, na época, o país tinha os EUA como principal comprador do café, ou seja, a importação do café brasileiro diminuiu, e o preço foi lá pra baixo. E em 1929, o que rolava no Brasil? Pois bem, o café é literalmente parte da vida do brasileiro.


Seria conspiração da minha parte dizer que Getúlio Vargas tinha a intenção de ser Presidente há muito tempo, e aproveitou-se da Quebra de 29 para assumir o poder?

Se o fim da República Velha tem alguma coisa a ver com isso, fica mais na conspiração, afinal, os fatos mostram que já haviam crises marcantes neste período: Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata, entre outros. Era muita coisa para aguentar. Então a política da época estava quebrada, mas e Getúlio?


Para quem só tem a imagem de um populista, Getúlio Vargas foi Ministro da Fazenda, cargo hoje ocupado por Fernando Haddad. E foi Ministro no Governo de seu antecessor Washington Luiz. O sucessor de WL seria Júlio Prestes, mas houve o Golpe/Revolução.


Vargas chegou ao poder através de um golpe de Estado, que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes.

Aos que gostam de uma conspiração, será que Vargas percebeu o Governo de WL enfraquecido, as diversas revoltas e guerras ao longo das décadas, a quebra da bolsa de valores de NY, e pensou consigo mesmo "isso é bom pra mim"?


De qualquer forma, se isso ocorreu ou não, jamais saberemos, mas Getúlio Vargas, como ele mesmo disse, no dia 24/08/1954 (seu suicídio), na carta-testamento: "serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história".


De fato, Getúlio Vargas entra para a história. Podem criticar, mas Lula e Bolsonaro, os populistas do momento, já escreveram seu nome na história também. O Brasil, no entanto, não está preparado para seus populistas, e nem para seus pensamentos. E bate a saudade, cada vez maior, de Michel Temer!


***As opiniões e informações apresentadas pelo colunista não referem, necessariamente, o posicionamento do Portal Futuro Livre e são de responsabilidade de seu autor.


Sobre o Colunista:


Lucas Rogério é editor-chefe do Portal Futuro Livre, além de vice-presidente do Grupo Inovação de Comunicações. Atua como produtor e apresentador do Podcast Mais Futuro e é criador da tag #EvoluirPraPensar no Instagram.


Instagram: @eulucasrogerio

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