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Editorial | A liberdade de imprensa não pode ser confundida com libertinagem



Não é só de notícias falsas que se constrói um péssimo jornalismo, mas também de desinformação e extremismos. Usar de um espaço que é, tristemente, ameaçado para expor ideias extremistas, é usurpar de um poder que não cabe para àqueles que têm a função de informar. Opinião no jornalismo é, de fato, importante, mas impor esta opinião e segregar questionamentos entre o certo e o errado, quando ambos são válidos, é sinônimo de que a democracia na imprensa está sendo ameaçada.


A divisão jornalística causada entre quem é contra ou a favor de algo ou alguém é prejudicial para a própria informação. Usar dos extremos para dizer que tudo que um lado faz é ruim e tudo que o outro faz é bom, é utilizar de um espaço para impor obstáculos a construção da liberdade. A liberdade de imprensa não pode, jamais, ser confundida com libertinagem. Um jornalista pode, e deve, quando for conveniente, expor uma opinião, mas usá-la para espantar um lado oposto é errado e prejudica uma cadeia de setores.


É fato que, hoje em dia, você tem que ser ou contrário ou favorável ao Governo, a Ciência, a Fé, entre outras coisas. E se você apresentar uma opinião que junta questões de ambos os lados, você não está se posicionando. Hoje em dia, infelizmente, e por culpa de um velho e desigual jornalismo, as pessoas têm que se posicionar o mais rápido possível, sem saber dos fatos existentes; e caso mudem de ideia ao longo do tempo, algo que é válido numa democracia, acabam por serem condenados por hipócritas e falsos defensores da liberdade.


Viver num sistema democrático é saber, acima de tudo, que existem opiniões diferentes que merecem respeito, salvo de opiniões caracterizadas de ataques, principalmente contra a própria democracia.


Imposições de um lado para o outro, como se só aquele lado é o certo, é característica de uma ditadura, que vem sendo apoiada por defensores da democracia, entre eles, jornalistas. O jornalismo perde, e perde muito, com a possibilidade de não escolher a verdade nua e crua, entretanto, acaba escolhendo apenas um lado da realidade.


Todos precisam ter voz e vez, o que não é dado pelo velho jornalismo, que usa e, obviamente, abusa de sua liberdade, para obrigar as pessoas a escolherem. Opinião no jornalismo é saber que haverão opiniões diferentes, e caso queiram fazer alguém mudar de ideia, é através de fatos, dados, histórias e, sem sombra de dúvidas, através do respeito.


Não se faz jornalismo com medo, mas sim com ética, que ultrapassa os conceitos jornalísticos, e seguem para os conceitos humanos. Ser jornalista é, enfim, respeitar o outro e saber que nem todo mundo pensa como você, e um pensamento unilateral não é parte da democracia.


A democracia verdadeira agradece ao bom jornalismo informativo, que na hora certa se posiciona, mas acima de tudo, escuta os lados, busca todas as verdades e, por fim, direciona ao povo a chance de opinar.


Se o povo opina de maneira equivocada, de acordo com os fatos, a culpa é, em grande parte, dos influenciadores da verdade, ou seja, dos tais bons atos de jornalismo, que precisam rever conceitos e saber que, não é só as notícias falsas que precisam de enfrentamento.


No mais, ressaltamos que o compromisso com a verdade, doa a quem doer, é função de um ético e inteligente jornalismo. Praticar a democracia precisa ser parte do dia de todos, e principalmente daqueles que a mais defendem: os que praticam jornalismo.


São Paulo, 25 de janeiro de 2022

Grupo Inovação de Comunicações

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