Nesta quarta-feira, 8, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de uma cerimônia em Brasília para marcar os dois anos das invasões ocorridas em 8 de janeiro de 2023, quando sedes dos Três Poderes foram vandalizadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar da solenidade ter como objetivo reforçar o compromisso com a democracia e relembrar os perigos do autoritarismo, um comentário improvisado de Lula acabou se tornando o principal assunto da ocasião.

Durante seu discurso, Lula se descreveu como um “amante da democracia” e explicou o termo de forma inusitada: “Não sou nem marido, eu sou amante, porque, na maioria das vezes, os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres”. A declaração arrancou risadas da plateia, mas também gerou polêmica nas redes sociais e entre os analistas políticos.
A fala do presidente repercutiu amplamente e acabou ofuscando a mensagem central do evento: reforçar a importância da democracia e condenar os ataques golpistas que abalaram o país em 2023. O discurso de Lula também destacou os avanços democráticos desde então: “Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ditadura nunca mais, democracia sempre”.
No entanto, o trecho polêmico eclipsou passagens significativas da fala presidencial, como o alerta sobre os riscos de novos retrocessos democráticos e a necessidade de unidade entre diferentes setores da sociedade para preservar as instituições.
Enquanto aliados minimizaram o comentário como uma tentativa de tornar o discurso mais leve, opositores criticaram a fala, alegando que a comparação era desrespeitosa e fora de contexto. Nas redes sociais, o termo “amante” tornou-se um dos assuntos mais comentados, com memes e análises dividindo espaço com discussões sérias sobre o futuro da democracia brasileira.
Para analistas, a declaração ilustra uma recorrente característica de Lula: o improviso. Embora isso o torne autêntico e acessível para muitos, também pode gerar situações que desviam o foco de pautas importantes. O cientista político José Oliveira comentou: “Esse tipo de declaração, ainda que aparentemente inofensiva, pode enfraquecer a gravidade de momentos históricos. O dia 8 de janeiro deveria ser lembrado como um marco de resistência, não como uma piada”.