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Adriano Bernardi: O brasileiro ainda não está pronto para a inteligência artificial

Durante minha infância, uma das frases mais ouvidas foi "não coloque a carroça na frente dos bois". Na época, isso me confundiu bastante, mas com o tempo compreendi o real significado desse ditado popular: a importância de seguir uma ordem lógica para evitar problemas maiores.


Entretanto, parece que muitos brasileiros ainda não entenderam essa lição quando o assunto é tecnologia. Há uma forte tendência em querer usar as novidades sem realmente compreender como utilizá-las. Parece ilógico adotar uma nova ferramenta sem dominar seu funcionamento.

Um exemplo disso é o uso do ChatGPT como um oráculo, onde suas respostas são aceitas como verdade absoluta sem qualquer verificação. Isso é preocupante, especialmente considerando relatos de respostas incorretas ou inventadas pela inteligência artificial, sem fontes que as respaldem.


É importante lembrar que a IA está em constante aprimoramento e está longe da perfeição absoluta. Compará-la a um estudante de medicina em formação pode ilustrar esse ponto: quanto mais experiência ele tiver, mais preciso será seu diagnóstico, mas ainda assim, erros podem ocorrer.


Pesquisas recentes da consultoria norte-americana Oliver Wyman revelaram que uma grande parte dos brasileiros está familiarizada com a IA e confia nessa tecnologia, com índices superiores aos de países como Estados Unidos e Reino Unido. Além disso, muitos brasileiros já utilizam IA em seus locais de trabalho, ultrapassando a média global.


Segundo dados da Semrush, o Brasil é o quarto país com maior tráfego de IA Generativa nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e Indonésia. Isso demonstra uma grande presença e interesse na tecnologia em território nacional.

Portanto, é essencial compreender que o propósito da inteligência artificial é auxiliar nas atividades diárias, como no ambiente de trabalho. Não basta aceitar cegamente suas respostas; é necessário verificar sua veracidade antes de aplicá-las.


Assim, quando um profissional compartilha documentos sigilosos em uma dessas plataformas sem cuidado com o tipo de informação que eles contêm, ele muitas vezes não considera o prejuízo que isso pode causar às pessoas cujos dados pessoais (como nome, CPF, endereço, etc.) estão presentes nesses documentos.


Deste modo, é fundamental conscientizar sobre a proteção de dados e evitar compartilhamentos indevidos, que podem levar a problemas sérios de privacidade.


A educação digital se mostra crucial para que a população brasileira utilize a tecnologia de maneira segura e eficaz em todos os aspectos de suas vidas.

No final, acredito que a população brasileira necessita de educação digital em todos os parâmetros, desde o uso das redes sociais até o aculturamento em relação à proteção de dados. ***As opiniões e informações apresentadas pelo colunista não referem, necessariamente, o posicionamento do Portal Futuro Livre e são de responsabilidade de seu autor.


Sobre o Colunista:


Adriano Bernardi é um experiente advogado, com especializações em Direito Digital e Direito Empresarial. Ele desempenha um papel significativo como Vice Presidente da Comissão de Direito Digital e Startups da OAB/MS, além de ser um membro ativo na Comissão de Estudos e Acompanhamento da LGPD - OAB/MS. Adriano também é um membro efetivo da prestigiosa Associação Nacional de Advogados em Direito Digital - ANADD. Além disso, ele contribui voluntariamente com a coluna 'Adriano Bernardi' no Portal Futuro Livre.


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