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Foto do escritorLucas Rogerio

5/5: Marreteiros: Além Dos Trilhos

A conclusão desta série se inicia com as últimas informações apuradas:


A conexão vendedor-comprador-marreteiro


É comum ver ambulantes sem nada na mão, com uma quantia em dinheiro vivo e precisando tomar a decisão de sair da estação que está e realizar uma compra ou de pedir ajuda.


"Quando não tem dinheiro suficiente pra voltar pra casa e pra dar um sustento pra nossa família, o jeito é pedir ajuda mesmo."

Marreteiros então, por consequência, pedem aos potenciais compradores (usuários de trens e metrôs) que possam realizar as compras para eles.


Se observa isso acontecer na Zona Leste, Zona Noroeste e, acontece, mas com menos frequência, na Zona Sul.


Na linha 7-Rubi, que já deu para perceber, é uma das principais linhas de trem de São Paulo, existe a parada quase que obrigatória dos ambulantes; estamos falando da Água Branca.



Foto: Portal Futuro Livre/ Marreteiros: Além Dos Trilhos


Entre a Lapa e a Barra Funda, ou seja, entre estações-chave de grande movimentação e transição, tem uma estação tranquila.


A tranquilidade da Água Branca funciona para algumas coisas: os ambulantes descansam ali, contam dinheiro, trocam de trem quando já fizeram suas vendas nas demais linhas (e já trocaram na Barra Funda), além de ser estratégica para esperarem trens que há transição entre os vagões e eles não sejam fechados por dentro.


Essa observação realizada não mudou durante a pandemia, porém, diminuiu. E nesta série, que outrora foi produzida para responder perguntas, surgem outras ainda sem resposta:


Os marreteiros estão fora da Lei, pois é proibido vender produtos nos trens e metrôs, mas é uma forma de sustentar famílias; afinal de contas, eles são bandidos?


A resposta, porém, não é simples, para isso seria necessário uma investigação minuciosa particular de cada ambulante, e não é o nosso propósito.


Partindo do pressuposto de que não há resposta concreta, uma outra pergunta pode ser respondida: quais produtos mais são vendidos?


Entre 17h30 e 18h00 de uma quinta-feira antes da pandemia, observou-se:


Uva;

Chocolate;

Água;

Salgadinho.


Após a pandemia, a entrada de máscaras se tornou frequente no horário específico acima, e associado aos demais discursos de venda: trabalho social, sustento de família, nova profissão para se manter durante a pandemia e etc.


A venda de uvas caiu, mas não acabou; e os marreteiros precisam dobrar turnos para tentarem se desviar dos guardas, por isso, a venda de produtos pequenos é mais fácil:


Balas;

Fones de ouvido (em pouca quantidade).



Foto: Portal Futuro Livre/ Conteúdo extra no Instagram e Facebook: Portal Futuro Livre



Ao longo dos três anos e quatro meses de investigação, ficou evidente a união da maioria dos marreteiros para fugirem e não perderem seus produtos, ficou claro também o esforço de boa parte dos guardas para garantirem que a Lei seja cumprida.


Seja lá qual for seu lado, sabe-se que ambos estão trabalhando, e como foi mostrado aqui, existe muito mais que ambulantes vendendo dentro dos vagões. Eles estão em um determinado terminal de ônibus, em determinados bairros comerciais, em determinadas estações: são os Marreteiros: Além Dos Trilhos.

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