Com a pandemia, os marreteiros precisaram se adaptar. A CPTM, para tentar fazer com que não haja aglomeração nos trens e metrôs (mesmo que em horários de pico seja meramente impossível, atualmente), colocou, ao menos, um guarda em cada vagão. De maneira estratégica, a Estação Vila Aurora, da linha 7, cor Rubi, tem mais guardas que o necessário, pois é ali que ocorre, algumas vezes ao dia, a transição entre os profissionais, dificultando os ambulantes.
Como já foi falado, a linha 7 é uma linha muito importante para as vendas. Durante a pandemia, esta linha passou a ser difícil para os ambulantes trabalharem, e a ideia de tentar manter a ordem durante o período, acaba por, consequência, se estendendo às demais linhas, mas nesta 7-Rubi, em questão, existe uma estação importante para troca de 'seguranças', é a Vila Aurora.
Diferente de suas estações co-irmãs - Perus e Jaraguá - que possuem grande movimentação, Vila Aurora não tem grande movimentação, ao menos não se compara com as outras. E é mais moderna, com mais aconchego, até mesmo para os guardas. Seguindo um padrão específico, entenda melhor a divisão:
Pela manhã, enquanto há grande movimentação nas linhas, poucos guardam ficam na estação Vila Aurora, e o ritmo de guardas na estação aumenta conforme vai diminuindo a frequência de usuários.
Foto: Portal Futuro Livre/ Metrô de SP, guarda do metrô e distanciamento social
Mas, sempre, desde o início da pandemia, e na teoria, tem um guarda em cada vagão. O problema é que para assegurar a população nas estações, nas transições de linhas, dentro dos vagões e ajudá-los em questões importantes, falta-se profissionais, e muitas vezes se vê estações desprotegidas.
Com a desproteção, é comum ver policiais militares nas estações. Entende-se que a PM apoia a segurança, ajuda a manter distanciamento social e é uma forma mais respeitosa de fazer com que a Lei se cumpra, já que muitas vezes, os guardas são desrespeitados pelos usuários, e alguns, não todos, os marreteiros.
"Tem gente boa e gente ruim em todas as profissionais. A gente [marreteiros] tá errado, mas precisa trabalhar."
A frase acima, de uma conversa informal com um marreteiro, mostra o drama em dois pontos:
Se por um lado é bom ter segurança, por outro, prejudica o trabalho. Trabalho este, cabe lembrar, proibido por Lei. Mas qual outra forma de conseguir dinheiro 'honestamente'?
Em conversas com os usuários antes e durante a pandemia, os potenciais compradores se dividem a favor e contra, e é o que será explicado melhor na última reportagem especial da série jornalística Marreteiros: Além Dos Trilhos.
Foto: Marreteiros: Além Dos Trilhos